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domingo, 3 de outubro de 2010

Esperança

Esperança, de António Carneiro


Saudade minha,
quando vos veria?

Este tempo vão,
esta vida escassa,
para todos passa,
só para mim não.
Os dias se vão
sem ver este dia,
quando vos veria?

Vede esta mudança
se está bem perdida,
em tão curta vida
tão longa esperança!
Se este bem se alcança,
tudo sofreria,
quando vos veria.

Saudosa dor,
eu bem vos entendo;
mas não me defendo,
porque ofendo Amor.
Se fôsseis maior,
em maior valia
vos estimaria.

Minha saudade,
caro penhor meu,
a quem direi eu
tamanha verdade?
Na minha vontade,
de noite e de dia
sempre vos teria.

Luís de Camões, Rimas
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