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quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Retrato de Dorian Gray

Depois de ter estudado, na faculdade, há mais de quinze anos, esta obra-prima da literatura, ainda hoje recordo alguns dos seus principais temas: o mito do duplo ou doppelganger; os conceitos de Beleza e Verdade; a Fisiognomia (crença de que os traços físicos são reveladores do carácter); a arte vs. a moralidade / ética; a secreta vida dupla da sociedade vitoriana e sua obsessão pelo mal, a culpa, a repressão e a consciência; a entrega da alma ao diabo em troca de prazeres terrenos; e diversos “ismos” (narcisismo, hedonismo, esteticismo, dandismo, etc).

Ao longo da narrativa, questiona-se a autenticidade das aparências – tema essencialmente vitoriano e, atrevo-me a dizer, ainda actual, nesta sociedade contemporânea obcecada pela beleza física e makeovers.

Dorian Gray não consegue a harmonia entre a alma e o corpo e, no fim da obra, o retrato, verdadeiro herói do drama, é restituído à sua devida beleza e a ordem moral é restaurada…

Há noites em que, apenas iluminada pelo luar, olho fixamente o meu rosto no espelho. Surge-me então um espectro, de faces chupadas e olhos desmesuradamente grandes onde se lêem mágoas, angústias, desesperos, raivas e medos acumulados durante trinta e seis anos. Estendo-lhe a mão e…


The Picture of Dorian Gray, de Albert Lewin, 1945
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